quarta-feira, 13 de janeiro de 2016







Hoje houve um rapaz peruano que me fez um pedido, e esse pedido fez-me sentir feliz e muito responsável pela resposta que lhe daria. Queria que lhe indicasse lugares de Lisboa que o inspirassem. Assim, do nada, só em meia dúzia de palavras que trocámos. A primeira coisa que me ocorreu foi: que fantástico alguém que não conhece o outro aventurar-se numa questão destas, que me parece pressupor uma sintonia do deslumbramento. Abriu tanto os olhos enquanto esperava pela resposta, mas era um abrir de vista não de quem vê, mas de quem tem muita sede. Que bom haver pessoas que se manifestam desta maneira, que viajam assim, com este espírito, com este sonho, com este querer dos sentidos. Na verdade, é sempre isto que procuro quando viajo, mas nunca me tinha ocorrido esta consciência, que se materializou no brilho de um olhar.
Não quis errar, e perguntei-lhe que tipo de coisas o deslumbravam.
Não sei, diz-me tu.
E falei-lhe não dos sítios, mas dos caminhos que le
vam aos sítios, talvez para lhe dizer que concordava que o deslumbre começa na forma como caminhamos para algum lugar.

2 comentários:

  1. O caminho começa de facto do tamanho do nosso deslumbramento.
    Depois, usufrui-lo depende de cada um sem duvida.
    Mas não duvido que tu lhe tenhas indicado caminhos que fizeram deslumbrar a cada passo, nessa cidade como só tu descreves com magia!
    Deixo um beijinho pro caminho.:)

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  2. :) Aquele miúdo tinha a inquietude da descoberta no olhar. Era um viajante, no sentido mais belo da palavra. Se calhar, só me perguntou onde devia ir para se certificar que haveria pelo menos um pingo de paixão no meu discurso. E se calhar, era uma coisa que ele fazia sem dar por isso. A cidade, sim enche muitas vezes os meus dias de magia,... e beijos, sabem-me tão bem os que levo p'ó caminho :)

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