domingo, 13 de agosto de 2017

Noto que o tempo varre coisas absolutamente desnecessárias e até desgastantes, tirando-me aquela parte da paciência que me estorva.
Estando eu cansadíssima de pessoas e de situações anormais, fui notando que pessoas e situações de natureza "empecilhante" se afastavam de mim à medida que mais me fingia desatenta. Acho que é isso. A anormalidade abeira-se de quem lhe presta demasiada atenção, porque nesses espíritos patéticos e bondosos encontra uma plateia de atenções.
Tenho andado descansadinha, portanto. Mas hoje tive um descuido na estação do Oriente. Sendo horas já altas, mas não as suficientes para entrar no comboio que me traria até casa, abeirei-me do segurança da estação, um cota clássico, com ares e farda de pessoa respeitosa. Perguntei-lhe onde poderia beber um café e a resposta começou por ser normal.
Vá ai abaixo, que aqui na estação é tudo caro. Tem é que ter cuidado, que o ambiente...
Não faz mal, é só mesmo para beber um café. Não importa.
Ya, és como eu, também ando sempre na confusão e não me importa. Tá-se bem, fica bem!
Ahhhhh,... não disse mas pensei: DESCULPE????
Aquele homem tinha acabado de ser possuído de repente por um espírito caído do céu directamente na estação do oriente, e o malvado escolheu-me.
Não disse mais nada, para continuar concentrada no desejo simples de um cafè com gelo. E desci as escadas para o cafè.
Baixei os olhos o mais que pude, até porque a pintura garrida dos meus olhos podia pronunciar exuberâncias que a minha boca não consente. Fiquei ao balcão. Bebi ao balcão. Só café, talvez porque a máquina de gelo avaria cada vez que um cliente resolve ter a sovinice de não pedir um wiskey.
Desta vez um rapaz alto e de tez saudável e brilhante:
Já pagou?
Já. Obrigada.
E termino o café na rua. Sem gelo nem paciência.
Volto e puxo da carteira.
O que vai fazer?
Olho-o de frente, na certeza que o garrido dos meus olhos o põe na ordem antes das minhas palavras.
Desculpe, não costumo aceitar coisas de pessoas que não conheço.
Pronto, pronto, pronto. Não digo mais nada.
E de facto não disse.
Andam espíritos loucos às cotoveladas no céu,... é o que é,... E Deus manda-os à terra, porque também já deixou de ter paciência para os aturar.
E eu com isso?
Nunca estarei disponível para fazer avenças com deus. Nunca!