segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016




Pediste-me hoje que tirasse uma fotografia para te oferecer e eu quis fazer o meu melhor. Estava eu na Graça a passear-me em busca de um bom motivo para fazer um click, e o disparador da minha máquina avariou. Uma semana sem máquina, pago o que devo e abraço-a de novo. Estou assim, não vale a pena chorar o que acontece quando já tenho em mente que terei um final feliz, ... eu e a minha máquina... 

Vou contar-te uma história, uma boa entre as possíveis. 

Era uma vez um pássaro que vivia à beira rio. Durante os primeiros anos de vida foi feliz, porque lhe bastava a contemplação da liberdade do rio. Qualidade de vida, era a sua! Adormecia todos os dias aninhado numa janela centenária do Terreiro do Paço, abria os olhos aos primeiros raios de luz, abria as asas num espreguiçar dali até ao céu e punha-se a andar, vaidoso e dengoso até às margens da cidade. Certo dia, porém, acordou triste com a sua vida. Sempre a mesma liberdade é coisa que aprisiona, pensou ele. E é. 
Nesse dia, andou por outros caminhos. Viu coisas bizarras e nem sabia o que pensar. Um pássaro estampado numa parede sem se mexer? Que raio de animal tão estranho, e cheio de dentes ou o que raio era aquilo? Cabelos no céu muito quietos a contemplarem a terra? Uma gaiola vazia e dois músicos a tocarem a liberdade dos que se soltaram? Isso sim, fez-lhe sentido. 
Nessa noite voltou feliz e contente ao Terreiro do Paço e, quando deu por si, adormecia contente. Que bom que tinha sido aproveitar a sua liberdade para sair de si próprio, ver coisas que não tinha entendido, intrigar-se com isso, questionar-se se os voos fazem sentido, e de repente encontrar respostas felizes, que satisfazem andanças e voos. 
Amanhã voltará a voar. Depois de amanhã também. E todos os dias será assim, até que tenha asas,... e terá sempre asas.

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