quarta-feira, 9 de março de 2016

Hoje, no Chiado, estavam fortes, as comemorações do dia da mulher. Uma resma de outdoors em volta da estátua de Camões, histórias de mulheres que deixaram de respirar, vítimas de um tempo em que se celebra num dia a existência das pessoas, e nos dias que se seguem espancam-nas até ao esbater do mais assustado dos ais. As vítimas de maus tratos, ali expostas as histórias que se resumiram precocemente no tempo , as fotos dos cenários possíveis, o quotidiano do nosso século a jorrar História numa das praças mais movimentadas da cidade.
Vinha depois a menina que oferecia flores rechonchudas a todas as mulheres que passavam, mas o Camões estava triste, como um cemitério no meio da capital, e a gente passava por ali, lia uma ou duas histórias e não queria ver mais, apressava o passo como quem de repente deixou de ter algo para comemorar, e interrogava na mudez gelada o que é esta coisa de ser mulher, o que é esta coisa de ser pessoa, e ao que andamos nós aqui.

Sem comentários:

Enviar um comentário