quinta-feira, 3 de março de 2016

Ausento-me alguns dias para pensar na vida, e não consigo pensar muita coisa de jeito, porque vejo poucas coisas que jeito tenham.
Mantenho ainda os amigos, que me aturam umas vezes com prazer e outras vezes por uma espécie de fidelidade que os impede de me mandarem bugiar. Se não fossem os amigos com quem desabafo sobre as ausências inconcebíveis e as existências abomináveis, nem sei de quantos manicómios me veria já escorraçada.
Vivam então os amigos, os que se desnorteiam pelos acontecimentos que os põem tristes e aflitos, mas que têm tempo para mim; os que estudam que nem uns desalmados e que nos intervalos das sapiências continuam a achar que falarmos ainda é uma boa escolha; os que me enviam mensagens quando eu estou distante e me fazem acreditar que torcem por mim; os que desejam que a força esteja connosco; os que se riem comigo nos intervalos das sofridas dúvidas amorosas; os que já não estão por aqui mas que renascem sempre que me fazem pensar que o mundo seria bem pior se não nos tivéssemos cruzado nas ruas deste planeta; os que acreditam   que um sentimento bom e a partilha dos momentos ainda é a forma mais possível de estarmos juntos.

2 comentários:

  1. Que bem me fez ler este teu desabafo, estava a precisar de algo precioso que me continue a fazer acreditar que não estamos sós.
    Acredito que será sempre uma boa escolha ouvir e ser escutado.
    E hoje foi um dia desalmado!
    Beijinho em ti Dear Lisbon:))

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  2. são semblantes como os teus que me fazem sentir que a solidão se aniquila pela existência de certas proximidades.

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